Matéria publicada no site da SEMFAZ/Aracaju
Quais os critérios que precisam ser considerados na hora de escolher uma atividade profissional? Independência financeira? Abertura de vagas no mercado de trabalho? Amor pelo ofício? São muitos os parâmetros que precisam ser analisados nesta que, sem dúvida alguma, é uma das mais importantes decisões da vida adulta. Em meio as inúmeras possibilidades, há carreiras que, para além de uma formação e da convicção em segui-las, é necessário uma dose extra de dedicação aos estudos. Tratam-se das profissões em que a porta de entrada é o concurso público, como é o caso do Auditor de Tributos Municipais.
Para quem decide seguir carreira no Fisco, o primeiro passo é virar “concurseiro”, o que pode ser considerado quase como uma “profissão”. São horas, dias, meses e até anos de dedicação aos livros antes de, finalmente, poder concretizar o sonho de se tornar auditor ou auditora. A rotina de trabalho destes profissionais é pautada na organização e planejamento da administração tributária do município; bem como na busca pela prevenção e combate à sonegação fiscal. São eles que, de forma geral, garantem uma tributação mais igualitária e um retorno mais eficaz à sociedade através de efetivas políticas públicas.
E para uma carreira tão significativa e essencial para o perfeito funcionamento do Estado, nada mais justo que uma data dedicada a celebrar esta profissão. Por isso, desde 2009, através da Lei 14.662, 21 de setembro é considerado o Dia do Auditor Fiscal de Tributos, escolhido em razão do “dia de São Mateus”, que era cobrador e arrecadador de impostos. Em Aracaju, a Câmara de Vereadores instituiu a “Semana do Fisco Municipal”, Lei 364/2017, comemorada, anualmente, na semana sobre a qual recaia o dia 21, período dedicado as discussões, pautas e homenagens à categoria.
Histórias
Atualmente, na Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz), 102 auditores e auditoras compõe o quadro do Fisco, entre servidores ativos e inativos. São três gerações de profissionais que se dedicam a garantir a arrecadação financeira da capital, que se transforma em benefícios à população. Maria Luiza Praxedes, de 67 anos, fez parte da turma que iniciou este trabalho, ainda em 1986. “Atuei por 24 anos na gestão tributária. Na época do concurso, também fui aprovada na Receita Federal, mas escolhi a Prefeitura de Aracaju e não me arrependo. Estudei intensamente, sozinha, com foco em alcançar uma vida melhor. Esta é uma carreira de grande projeção e credibilidade no mercado; sou grata a Deus e feliz por tê-la escolhido”, revelou.
Durante os anos de Fisco, Luiza Praxedes desempenhou suas funções no setor de Fiscalização, foi coordenadora de tributos e, inclusive, secretária municipal de Finanças. “Minha vida profissional foi de bastante sucesso, atingi com mérito os meus objetivos. Para mim, auxiliar o governo na melhoria da arrecadação e elaborando políticas tributárias de forma que os recursos arrecadados sejam utilizados da maneira correta, ou seja, voltado para o bem-estar da população, é o ponto mais positivo de ser auditora”, opinou ela, que se aposentou dois anos após o tempo previsto, para melhor organizar outras atribuições particulares.
Falando em aposentaria, o auditor Deusimar Olinda, 63 anos, está em contagem regressiva para encerrar um ciclo de 24 anos. Aprovado no concurso de 1998, ele encontrou em Aracaju a calmaria que queria para a vida, após atuar por 12 anos no Fisco da Bahia, viajando muito pelas fronteiras. Deusimar é um entusiasta da educação e deixará na Secretaria da Fazenda um legado de dedicação, disciplina e entrega à profissão que exerce com muita maestria. “Vim da roça cearense para estudar na capital sergipana, em 1983. De lá para cá, nunca me acomodei e sempre procurei estudar e me capacitar para as funções em que fui designado, me formando em Contabilidade, Direito, e concluindo a Escola de Magistratura de Sergipe”, contou.
Deusimar foi chefe da Fiscalização, atuou na extinta Coordenadoria de Defesa do Consumidor e, mesmo certo da sua trajetória na Semfaz, ainda prestou outros concursos públicos – e passou na maioria das provas ou chegou até a fase final. Em 2014, assumiu a Assessoria Técnica da Secretaria da Fazenda, cargo que está até hoje, quando se prepara para passar o bastão. “Com a concretização do último concurso, tomei a decisão de que era hora de parar e seguir outros caminhos. Acompanhar minhas filhas, estar mais com minha mãe e realizar outras atividades que me dão prazer. Me comprometi em fazer parte do curso de formação e receber a nova turma, mas agora me despeço em outubro com o sentimento de dever cumprido”, salientou.
Para a turma recém-chegada, o auditor tem um conselho. “Não cheguem pela manhã torcendo para o relógio apontar 13h e encerrar o expediente. Não queiram que termine logo a semana para curtir o sábado e o domingo. Não pensem em chegar ao final do mês para que o salário entre logo na conta. Não fiquem esperando completar o ano para tirar férias ou alcançar os cinco anos para usar a licença prêmio da qual vocês têm direito. Não torçam para o tempo passar. Façam disso aqui a extensão da casa de vocês. Eu chego todos os dias e torço para a hora passar devagar para que eu possa concluir minhas tarefas. Ser produtivo, trocar ideia com os colegas, receber um sorriso e um bom dia de quem passar aqui na minha frente, é a recompensa no final”, concluiu.
Novas histórias
Na contramão deste caminho de encerrar ciclos, 20 novos profissionais iniciaram suas trajetórias na Secretaria da Fazenda este ano. Entre a turma, Raphaella Alves, de 31 anos, deixou a sua cidade de origem, Recife, em Pernambuco, para construir uma história profissional em Aracaju, e lembra que a decisão de estudar para concurso veio durante a terceira graduação que cursava. “Senti que não estava no caminho certo e comecei a levar em conta outras possibilidades para a vida. Meu pai é concursado e seguir esse rumo passou a ser uma opção. Por causa das matérias de exatas, me apaixonei pela auditoria, e fui migrando aos poucos. Deixei de dar aulas de matemática para me dedicar aos estudos”, recordou.
No início, ela diz que seu foco era a Receita Federal, mas depois percebeu que os fiscos municipais e estaduais poderiam ser alternativas. “Fiz um plano a longo prazo. Estudaria para um concurso com uma quantidade menor de matérias e, depois de aprovada, poderia focar no conteúdo mais denso. E assim o fiz”, revelou. Raphaella estava de malas prontas quando o concurso para o Fisco de Aracaju foi suspenso por ordem judicial; o contratempo, no entanto, apesar de tê-la chateado, não a fez deixar de lado o objetivo que tinha. “Sou muito disciplinada. Aproveitei a situação, o cenário de pandemia, e continuei estudando. Hoje vejo que esse percalço foi bom de certa maneira, pois o tempo serviu para que eu realmente estivesse pronta”, acrescentou.
A auditora de tributos, hoje realizada com a profissão que escolheu, diz esperar que a carreira dela seja vista pela sociedade como de fato é. “O que desejo para o futuro da minha profissão é que os contribuintes entendam que o nosso trabalho é necessário para que haja políticas públicas efetivas. É preciso ter receita para trabalhar as despesas, e só uma proximidade com o cidadão traria uma valorização nesse sentido. Muita gente se sente lesada pelo Estado, por isso acredito na importância da educação fiscal para esta mudança de visão”, comentou. E para a Raphaella do passado, que enfrentou a dura vida de uma concurseira, ela afirma: “Vale a pena estudar. Não desista”.
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